É bastante comum eu dar uma passada por aqui, de vez em quando, só pra ver se
alguém comentou algum dos posts.. Quando sim, tento agradecer via msn, e-mail,
ou qualquer meio que carregue rápido, posto que meu computador não é lá essas
coisas em termos de velocidade. Acontece que minha visão deve ter me enganado,
de modo que só hoje eu vi que abaixo do cartaz do primeiro superdrive de 2009
havia o número "1". E é desse número que trata este escrito.
É complicado falar sobre sensações, percepções, sentimentos e todas essas coisas
abstratas das quais nossa mente se dota para nos aplicar impressões. Dessas
impressões se fazem nossas respostas ao mundo e dessas respostas se faz quem
somos.. a linha por onde vai nossa vida, enfim. Aos onze, doze anos de idade eu
tinha certa dificuldade em me comunicar com as pessoas.. já que a fala nunca me
agradou muito, tinha tentado o piano, a internet e estava seriamente pensando em
telepatia quando um primo deixa na minha casa um antigo violão que pertenceu ao meu
avô e que fora comprado de um hippie por uma pequeníssima quantidade de cruzeiros.
Ao primeiro contato, primeira tentativa de acorde, ouvi um eco. Quase como se todas as
vozes do mundo reverberassem silenciosamente em mim. Era o violão que vibrava, ali
pertinho do meu coração, junto ao meu corpo e eu decidi que seria assim que eu me
comunicaria. E quem quisesse me ouvir ou me falar teria de me encontrar por ali.
Nas andanças nesta incansável busca por comunicação, crendo que sem verbo se
diz muito mais, fui me juntando a outros de causa parecida e essas junções
convertendo-se em bandas e conjuntos musicais. Tive momentos de entendimento pleno,
outros de profunda confusão e "só barulho". Os dias de entendimento fortalecem meus
joelhos e eu penso que é importante continuar e é impossível ser feliz sozinho.
Bom, nem sei direito quando, mas o Cláudio Ferro - figura presente em muitos desses belos
momentos de entendimento -escreveu uma nota arrepiante sobre a performance dos
Casablancas no dia 02 de janeiro. Tenho a dizer que fico feliz que meus acordes tenham feito
parte de algo tão bonito que ele descreveu ali e tudo bem que os Strokes que inventaram
aquelas músicas. É legal estar numa festa onde tocam músicas que eu gosto de ouvir.. e é
muito mais legal estar numa festa onde EU toco músicas que eu gosto de ouvir!