Saturday, May 30, 2009

O PILOTO

Há vários meses, eu freqüentemente recebia essas ligações com o “11” na frente. “É que sou de São Paulo, estou na cidade e quero ver um show de vocês”. E eu pensava: “Em que mundo ele vive? que banda autoral tem canto fixo pra tocar e data confirmada com meses de antecedência?”. Ficava sempre muito triste em dizer que a gente não ia tocar aquele final de semana e nem tínhamos previsão. 


Um tempo depois, um belo dia, ele me liga de novo “É que eu estou em Fortaleza, vocês vão tocar no fim do mês, né?” E me pediu pra ver um ensaio já que o desencontro virou quase que uma garantia sempre que ele vinha aqui. 


Eric é piloto de avião comercial, com freqüencia vem em Fortaleza e salvou o rock naquela tarde de sábado. O ensaio que deveria terminar mais cedo começou com umas duas horas de atraso e um stress coletivo, estampado em nossos rostos. “Vocês ainda não perceberam que a zica aqui sou eu?” Que nada, Eric.


Lembro muito bem do meu primeiro show fora de Fortaleza. Com a Café, em Maceió. Viajamos por 15 horas e só tinha uma pessoa na platéia. Aí o Cabeliso disse que se não tivesse ninguém não tinha por quê tocar, mas, se tinha uma só pessoa, já era o suficiente. Aí a gente tocou e, como num filme sessão da tarde, foi chegando mais gente e mais e gente e o show foi lindo.


E o ensaio foi assim. Na primeira música o stress passou e nossa platéia, bastante animada, ia nos animando também. Músicas que a gente não tocava há eras, tocamos sem um errinho sequer. “Razorblade”, que a gente nunca tinha tocado antes, saiu bem bonitinha. Nosso ensaio foi salvo das cobranças, dos erros por falta de atenção, do desânimo e mais uma vez o rock sobreviveu. Foi salvo por um carinha de sotaque estranho numa cadeira de plástico. 


Valeu, Eric!


...E até a próxima!  : )

1 comment:

Felipe said...

Esse dia foi bastante feliz!!!!